sábado, 25 de fevereiro de 2012

Valorização Profissional, por Eduardo Braga.

Caros,
atualmente, venho recebendo solicitações de eletricistas no tocante à emissão de Anotação de Responsabilidade Técnica para fornecimento de energia elétrica a edificações cuja carga ultrapasse 12.00kVA.
No padrão AMPLA, demandas deste valor estão compreendidas entre fornecimentos tripolares de 40A e 50A, mas para uma simplificação momentânea, a AMPLA está solicitando ( por enquanto ) ART somente para instalações tripolares a partir de 50A.
As ARTs devem ser emitidas para comprovação que a instalação possuiu um responsável técnico durante sua confecção.
Mas, o que encontramos é justamente o contrário. Instalações já concluídas e que necessitam ( na maioria dos casos, urgentemente ) de um responsável SOMENTE para a assinatura.
O uso do SOMENTE remete a mão de obra técnica a um patamar insignificante, como se fosse uma reles questão burocrática, um insumo pífio para a obtenção de um resultado, quando sabemos que, realmente, não funciona assim.
Uma edificação normal deve ser projetada, executada, comissionada e entregue, cada item destes tem que ter seu profissional habilitado e com emissão de ART de cada item, justamente o inverso do que acontece nos dias de hoje, onde, para o cliente radicado no Noroeste Fluminense, somente é necessário um projeto de arquitetura ( pois é obrigatório para registro na prefeitura ) para que sua edificação esteja "regularizada".
Vale lembrar que a NBR 5410 torna OBRIGATÓRIO o uso de equipamentos de proteção e insumos que NÃO são usados, atualmente, pelos eletricistas e cabe a nós, técnicos, implantar o uso destes equipamentos e materiais na rotina dos profissionais que trabalham com instalações elétricas ( entenda como profissionais os eletricistas e revendedores de materiais elétricos ) e consumidor final.
Lembrem-se que nenhum eletricista ou revendedor, por mais capacitado que seja, sabe a real importância da utilização e nem como especificar corretamente Dispositivos de Proteção contra Surtos, Dispositivos Diferenciais Residuais, Cabos LS0H, tudo isso cabe à mão de obra técnica. Itens como este nunca são observados em uma instalação quando o responsável ( emissor da ART ) não está presente, portanto assumir a responsabilidade por instalações assim pode ser muito perigoso para a vida profissional do técnico e para os usuários do imóvel em questão.
Em caso de algum sinistro em instalações assim, os clientes ( instruídos por seus advogados ) não hesitarão para confirmar em juízo que o técnico foi negligente, imprudente e incompetente ao permitir que a instalação prosseguisse de maneira incorreta; e eles não estão errados em afirmar, só não querem pagar por isso, mas querem receber o tratamento como se tivessem pago. Qualquer valor cobrado sempre se mostrará insignificante perante ao valor de perda material ou vida humana.
Segundo dados do CBMESP, as instalações elétricas não funcionam como um mero coadjuvante ou um complemento para as edificações, elas constituem os sistemas que darão vida à edificação ( segue link para download de livro tratando deste assunto http://bombeiros.sp.gov.br/livro_seg/Aseguranca_contra_incendio_no_Brasil.pdf ).
Portanto, técnico, faça valer seus conhecimentos e informe ao cliente que ele necessita de mais que uma assinatura, pois você passará um cheque em branco para ele caso assine sem checar e determinar alterações necessárias ao perfeito funcionamento da edificação.
 
Créditos: Eduardo Braga 
              Técnico em Eletrotécnica
 
Amigo, concordo plenamente com tudo o que disse, por isso resolvi postar no blog, Caso queira acrescentar algo é só falar, parabéns pela colocação.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Choque elétrico ? Riscos, mitos e prevenção


Choque elétrico – Riscos, mitos e prevenção

A eletricidade não admite improvisações, ela não tem cheiro, não tem cor, não é quente nem fria. Ela é fatal.
O contato com eletricidade pode gerar acidentes pessoais graves, tanto pelo desconhecimento de seus princípios e perigos em leigos, como pelo excesso de confiança em profissionais habilitados.
Choque Elétrico:
O choque elétrico é uma conseqüência da passagem da corrente elétrica pelo corpo humano, quando tocamos em algum elemento energizado e temos outro ponto de nosso corpo exposto ao terra (piso por exemplo).
Os efeitos desta corrente no corpo humano dependerão da corrente (e não da tensão).
Para termos uma idéia:
Correntes entre 10 mA e 20 mA podem causar uma sensação dolorosa;
Correntes maiores que 20 mA e menores que 100 mA causam dificuldades na respiração e pode causar morte por asfixia se não socorrido a tempo.
Correntes superiores a 100 mA matam.
A resistência do corpo humano varia de 1000 a 3000 ohms. Não gostaria aqui em aprofundarmos em detalhes matemáticos, mas uma simples conta nos permite concluir que o corpo desprotegido de qualquer proteção, em contato com uma tensão de 127 V, permite uma corrente de até 100 mA pelo corpo, ou seja, 5 vezes maior que a corrente que pode causar a morte.
Nossa sorte é que na maioria dos incidentes envolvendo choques elétricos, estamos calçados e secos, limitando a corrente.
O maior risco é quando estamos descalços e molhados. Neste caso o contato de nossa pele com o terra é praticamente sem resistência, aumentando em muito a corrente pelo corpo.


Outro risco sério de choque elétrico e muitas vezes desconsiderado são as descargas atmosféricas, ou raios. Quando estas ocorrem, mesmo que não caia em cima da pessoa, a descarga se espalha no piso até se neutralizar e se pessoas estiverem neste caminho, poderão sentir efeitos e até mesmo morrerem.
Então já podemos perceber que o assunto é muito sério e infelizmente há vários mitos e afirmações sem fundamentos relacionados à eletricidade e alguns gostaria de comentar.

Mito: Choque em tomada de 110v é menos sério que em 220v!
Falso: A empresa que distribui eletricidade em nossas residências nos coloca à disposição até três cabos energizados (que chamamos de fase) e um cabo aterrado (que chamamos de neutro).
Se ligarmos na tomada uma fase e neutro, teremos 127v, se ligarmos duas fases, teremos 220v.
A única maneira de estarmos expostos a um choque de 220v seria se pegássemos uma fase com uma das mãos e outra fase com a outra mão. Como isto é muito raro, normalmente o choque ocorre ao tocarmos uma das fases, mesmo em tomadas de 220v,  o choque para a terra será sempre de 127v.
A grande diferença então é que em uma tomada de 220v, ambos os conectores causarão o choque e na tomada de 110v, apenas um causará o choque. Aqui ainda vale o alerta que em uma instalação residencial não corretamente executada, o neutro pode também causar o choque e as vezes em condições mais graves que a própria fase.

Mito: O choque gruda!
Falso: Um dos fenômenos que ocorre com nosso corpo ao sermos submetidos ao choque elétrico é a contração muscular.
Na realidade, ao tocarmos em um elemento energizado, os músculos da mão poderão ser contraídos e se estivermos segurando o elemento energizado, nossa mão irá fechar e nos prender ao elemento, dando a falsa ideia que o choque gruda.

Mito: Se você estiver usando bota de borracha você não leva choque.
Parcialmente falso: Isto é o mesmo que dizer se você estiver usando camisinha, não pega AIDS com uma agulha infectada.
A bota de borracha irá proteger contra a passagem da corrente elétrica para o terra pelos teus pés. Mas se alguma outra parte do teu corpo estiver em contato com o terra (os ombros tocando uma parede ou pilastra por exemplo) você está sujeito ao choque e possivelmente mais mortal pois a corrente poderá passar diretamente pelo coração.
De qualquer maneira, o uso da bota sempre e recomendado quando lidarmos com equipamentos energizados. Mas a bota deve estar em boas condições, sem furos ou rachaduras e também se não estiver encharcada interna e externamente.

Mito: Em locais com pára-raios próximos, podemos ficar expostos ao tempo sem problemas.
Falso: A proteção de um pára-raios é semelhante à um cone e protege ate uma distancia da metade de sua altura. Ou seja, um para-raios em uma altura de 20 metros, deixa de proteger a partir de 8, 10 metros.
Por isto, a maneira mais segura de se proteger contra os raios é quevocê buscar um abrigo protegido (nunca em baixo de arvores) até a tempestade parar. Lembre-se que não necessita estar chovendo para ter um raio, este pode existir mesmo antes de caírem as primeiras gotas.
Mesmo em áreas com proteção de pára-raios, é proibitivo se manter dentro de piscinas ou do mar durante o período com possibilidades de raios.
E não se preocupe em saber se o raio sobe ou desce, mas que ele mata!

Mito: Um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar. 
Falso: A incidência de raios na TORRE  EIFEL na França é média de 50 vezes ao ano. No EMPIRE  STATE nos USA é média de 40 descargas por ano. Apenas estas duas informações já desmentem o ditado popular.

Mito: É perigoso segurar objetos metálicos durante as tempestades.
Sim e não. Segurar objetos pequenos, como uma tesoura ou alicate, não provoca risco.
Entretanto, carregar um objeto metálico de maiores dimensões, ou até mesmo pá ou outra ferramenta metálica acima de sua cabeça e em um local descampado pode oferecer riscos.

Mito: Não há perigo no uso do telefone durante uma tempestade, se estivermos protegidos dentro de casa.
Falso:  Durante uma tempestade devemos evitar não apenas o uso de telefones com fio, como qualquer equipamento elétrico com cabos conectados à rede. A descarga atmosférica na própria residência ou mesmo na fiação dos postes, apesar de suas proteções, pode ser propagada por todos os cabos na residência, incluindo tomadas, telefones com fio e chuveiro elétrico.
Mito: Podemos deixar cabos elétricos sobre um piso molhado sem perigo, se estes cabos forem isolados e sem emendas.
Falso: Infelizmente esta é a causa da maioria dos acidentes graves com eletricidade.
Mesmo cabos novos podem apresentar defeitos difíceis de serem detectados a olho nu. Um pequeno furo ou rachadura no cabo permitem que todo o piso molhado seja eletrificado e neste caso a corrente poderá passar pelas suas pernas e corpo.

Mandamentos de segurança:
  • Apenas profissionais habilitados e com ferramental adequado podem efetuar reparos em equipamentos energizados.
  • A substituição de uma lâmpada pode expor a pessoa ao risco de choque elétrico. Sempre aconselhamos o desligamento da energia elétrica em qualquer ação corretiva em equipamentos elétricos.
  • Faça o aterramento dos eletrodomésticos sempre que solicitados pelos fabricantes. E nunca no neutro, mas em um terra confiável.
  • Muito cuidado com o uso de conectores tipo "T” em residências. O excesso de corrente pode danificar cabos e o próprio conector por elevação da temperatura.
  • Não use fios emendados, velhos ou danificados.
  • Não utilize eletrodomésticos estando descalço, principalmente se o chão estiver molhado.
  • Um grande risco menosprezado pelas mulheres está nas famosas “chapinhas” ou com secadores de cabelo que nunca devem ser usados com os pés descalços. Também ao passar roupas, nunca fazê-lo com os pés descalços.
  • Não desligue um eletrodoméstico da tomada puxando pelo fio, sempre use o plugue.
  • EM residências com crianças e especialmente com bebes, devem ter todas as tomadas protegidas contra o contato acidental. A curiosidade infantil é uma das maiores causas de choques elétricos residenciais.
  • Muito cuidado com o chuveiro elétrico, é importante que a instalação seja feita de maneira correta, com o fio terra do equipamento conectado diretamente ao aterramento da residência. Conectá-lo em pregos na parede do banheiro, no fio neutro ou no cano d'água são procedimentos perigosos. Além disso, não mude a chave de regulagem da temperatura enquanto toma banho, pois se houver vazamento de corrente elétrica, o risco de levar um choque fatal é muito grande.
  • Cuidado com cercas elétricas. As mesmas devem ser instaladas por pessoal competente e conhecedor das normas de proteção.
  • 98,4% das residências não possuem o dispositivo DR instalado, que é um elemento obrigatório desde 1997 e fundamental para a proteção das pessoas contra os perigos resultantes dos choques elétricos.
Primeiros Socorros à Vítima de Choque Elétrico
As chances de salvamento da vítima de choque elétrico diminuem com o passar de alguns minutos, pesquisas mostram que uma pessoa que sofra perda de sentidos com o choque elétricos e atendida corretamente 1 minuto após o choque grave tem 95% de chances de sobrevida. 6 minutos depois suas chances serão menores que 1%.
Por não ser minha área de experiência, vou evitar detalhar formas de primeiro socorro à vitimas, mas recomendo a todos que consultem profissionais de saúde para conhecerem os procedimentos corretos de reanimação. Jamais sabemos se teremos necessidade de salvar a vida de um amigo ou familiar.
O mais importante, antes dos procedimentos de respiração artificial e reanimação, é não tocar o corpo da vítima antes de livrá-la da corrente elétrica, com a máxima segurança possível e a máxima rapidez, nunca use as mãos ou qualquer objeto metálico ou molhado para interromper um circuito ou afastar um fio.

O ultimo e maior dos mitos:
Quando uma pessoa morre de algum acidente tipo choque elétrico, morreu porque chegou sua hora ou foi um acidente ?
Não sei se vale esta discussão. Não existe acaso, não existe sorte, não existem acidentes.
[A vida é perfeita demais para isso].
Mas, ao mesmo tempo, todos nós temos livre-arbítrio e somos responsáveis pelos nossos atos.
O que faz com que tudo se encaixe perfeitamente, sem nenhuma brecha de erro, é sem duvida Deus.

Luis Henrique Lourenço de Camargo
Batatais - SP
Publicada em 04/03/2011.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Eletricidade Estática

Apesar de ser matéria corrente no ensino público, muitos desconhecem os efeitos causados pela Eletricidade Estática ou E.S.D. (EletroStatic Discharge) nos componentes sensíveis do computador.
Em geral ela se processa devido ao atrito de materiais isolantes tipo: lã, carpete, cabelo entre outros. O clima seco favorece muito este fenômeno.
O fato de caminhar, sentar ou estender o braço pode produzir eletricidade estática, devido à separação de cargas elétricas na fase de atrito entre materiais diferentes.
Cargas elétricas assim separadas podem se acumular em nosso corpo e, quando tocamos em algo que está eletricamente neutro, essas cargas podem passar para esse objeto eletrizando-o.
A casos que a tensão criada pode ultrapassar 200.000 volts. Normalmente estas tensões são observadas em aviões e helicópteros no momento de aterrissagem.
Antigamente os caminhões tanque em especial os que carregavam combustível mantinham uma corrente arrastando no asfalto para descarregar a estática, isto porque ao conectar a mangueira para descarregar o combustível no destino, poderia haver uma faísca e incendiar a carga. Os veículos movido a gás natural utilizam uma haste de aterramento para esse fim próxima ao bico de abastecimento.
Mas voltando ao assunto, é alta tensão mas baixíssima amperagem ao qual não nos machuca ou mata, mas danifica componentes eletrônicos sensíveis em especial os chipsets, processadores, placas e pentes de memória.
Já presenciei muitos casos de pessoas que numa simples limpeza no computador ou colocação de um novo dispositivo estar as voltas com um problema mais grave ou erros inexplicáveis, mas analisando o que foi feito podemos concluir que houve a possibilidade de danos devido a eletricidade estática.
Sou contra o uso de pincéis na limpeza de placas por este motivo, você poderá me dizer que conhece o seu Zé das Couves que sempre limpou com pincel e nunca houve problemas, mas será mesmo que nunca houve?
Ou teve sorte até porque estamos em uma região de clima úmido?
Travamentos na inicialização do Windows, erros de VXD, pentes que queimam misteriosamente entre outros fatos que sempre são atribuídos a fim da vida útil, vírus ou qualidade do componente podem ter outro culpado...
E os danos advindos a Eletricidade Estática são facilmente evitados com uso de uma pulseira anti estática e/ou a manta anti estática:
Que funcionam drenando a Eletricidade Estática produzida pelo nosso corpo, como citamos no começo a Eletricidade Estática passa sempre para corpos com o potencial neutro, assim tanto a pulseira quanto a manta são ligadas ao Terra através de fios que absorvem e evitam danos aos componentes manuseados.
Devido a este motivo é enganoso pensar que ocasionalmente tocando em objetos metálicos do gabinete tipo: fonte ou chassi descarregamos o nosso corpo, podemos sim descarregar a Eletricidade Estática naquele momento, mas e se dermos o azar de produzirmos mais logo a seguir?
Por isso use sempre a pulseira anti-estática ela custa em torno de R$ 15,00

Fonte: http://www.netetronica.com

As oportunidades da geração alternativa

A matriz energética brasileira ganhou, nas décadas de 70 e 80, suas hidrelétricas gigantes, das quais Itaipu e Tucuruí são os maiores e melhores exemplos. Ganhou também Angra dos Reis, sua primeira usina termonuclear, e com ela um aberto enfrentamento entre tecnologia e ecologia.

A polêmica inacabada, em parte, mas sobretudo os custos, paralisaram praticamente o programa de geração nuclear de energia elétrica.

À medida que vozes cautelosas alertavam para a crítica dependência que o País tinha dos regimes pluviométricos, começaram também a surgir programas para reduzir os riscos dessa dependência. Com estas preocupações surgiram os planos de geração térmica e a integração dos sistemas de transmissão. Tudo patrocinado e financiado pelo Estado.


Nos últimos anos, as mesmas vozes cautelosas alertaram para a necessidade de um novo ciclo, marcado agora pela participação do capital privado na geração da energia elétrica e pelo investimento em fontes alternativas - as pequenas centrais hidrelétricas, a energia eólica e a biomassa. Para coordenar e impulsionar estas soluções nasceu na Eletrobrás o Proinfa - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica. Com cerca de ano e meio de existência, o programa quer adicionar 3.300 MW à capacidade de geração do País até dezembro de 2006. Para tirar este objetivo do papel o BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - criou um programa de apoio financeiro - solução que ainda depende de alguma engenharia financeira para revelar todas as suas possibilidades.

Impasse financeiro

O programa define Pequenas Centrais Hidrelétricas como usinas cuja potência varia entre o mínimo de 1 e o máximo de 30 MW. Segundo dados da ANEEL- Agência Nacional de Energia Elétrica - já estão autorizados 3.669 MW para PCHs, dos quais 403,8 já iniciaram suas obras. A maioria delas nas regiões Sul e Sudeste, mais próximas dos grandes centros consumidores de energia.

A evolução do Proinfa, contudo, requer algumas soluções de engenharia financeira. O BNDES tem R$ 5,5 bilhões para aplicar nos projetos de geração alternativa, mas o financiamento está limitado a 70% dos itens financiáveis. O que significa que o empreendedor privado deve entrar com os 30% restantes. Os investidores querem alargar a margem do financiamento, alegando que toda a energia gerada pelos projetos incluídos no Proinfa tem a garantia contratual de que será comprada pela Eletrobrás. Defendem, portanto, financiamento integral, argumentando que a garantia da compra é suficiente, e o risco do BNDES é praticamente nenhum.

Na prática, poucos foram os financiamentos aprovados. Vinte e oito pedidos foram solicitados para PCHs e apenas um foi aprovado, o de Canoa Quebrada, com 28 MW, representando investimento total de R$ 130 milhões, R$ 86 milhões financiados pelo BNDES. Desses, dez estão em vias de aprovação por estarem enquadrados nas condições do programa, e seis ainda estão em estágio bastante preliminar. Onze foram negados - o BNDES alega que os responsáveis pelos projetos não conseguem dar garantias de que podem arcar com 30% dos recursos mínimos exigidos.

Os custos desta geração alternativa são considerados comparáveis aos de qualquer outra fonte geradora. Serão, contudo, um pouco superiores aos custos da energia gerada pelas usinas de grande porte, devido à economia de escala. Estes custos mais elevados, porém, seriam compensados pelos projetos implantados nas proximidades dos centros de carga, com impactos ambientais mínimos e redução dos custos de transmissão.

Tecnologia disponível

Na área técnica, o programa é encarado com muita tranqüilidade. O País tem toda a tecnologia requerida pelos projetos de PCHs e pelos projetos de biomassa. Quanto à geração eólica, acreditam os especialistas que o País não tem fabricantes suficientes para atender à demanda criada pelo Proinfa e que haverá necessidade de investir em novas plantas, tanto para atender à demanda quanto para alcançar os 60% do índice mínimo de nacionalização, numa primeira etapa, se for o caso de o fabricante dos equipamentos participar acionariamente do empreendimento.

As insuficiências da indústria brasileira no campo da energia eólica são atribuídas ao desinteresse por este tipo de geração, refletido na inexpressividade dos incentivos fiscais e financeiros. Com o Proinfa sinalizando a maior importância deste tipo de geração na matriz energética do País, a expectativa é de rápidos progressos no domínio desta tecnologia.

O potencial brasileiro, segundo os números do Atlas do Potencial Eólico, é de 143.000 MW. As usinas atualmente em operação, a maioria das quais no Ceará, geram apenas 28,6 MW. No caso das PCHs e da biomassa, com ampla base industrial e tecnológica já estabelecida, o Proinfa deve representar um significativo aumento de encomendas. No caso da geração eólica, a demanda serviria para consolidar o parque industrial existente no País e estimular a transferência da tecnologia ainda necessária.

Os benefícios sociais previstos são expressivos. Estima-se que ao longo da cadeia produtiva estimulada pelo programa serão gerados cerca de 150 mil novos empregos diretos e indiretos.

Indústria se prepara para 1.000 turbinas

Os ventos sopram em favor do desenvolvimento da energia eólica no Brasil. Entre as três fontes que serão beneficiadas pelo Proinfa, a eólica é a que contará com o maior aumento de capacidade. O salto dos atuais 26,8 MW para pelo menos 1.300 MW até 2006, como prevê o programa, tornará o País o quarto maior mercado desse tipo de energia no mundo. O potencial eólico brasileiro é de 143.000 MW. De olho no segmento promissor, a indústria de energia eólica espera investir no país US$ 1 bilhão. Os segmentos da construção civil, metal-mecânica e eletroeletrônica estão entre os mais beneficiados pelo incentivo à geração eólica.

Do total desse tipo de energia em produção no País, quase 65% são gerados no Ceará, estado que com o arquipélago de Fernando de Noronha receberam as primeiras instalações desse tipo de energia no País. Entre as vantagens da geração de energia eólica no Brasil, destaca- se o fato de que as maiores velocidades de vento no Nordeste ocorrem justamente quando o fluxo de água do Rio São Francisco é mínimo. Dessa forma, as centrais eólicas instaladas no Nordeste poderão injetar no sistema quantidades de energia elétrica que complementem a geração hidrelétrica das usinas do Rio São Francisco.

Análises dos recursos eólicos medidos em vários locais do Brasil indicam que o custo do MW/h está entre US$ 70 e US$ 80. A estimativa é que o impacto do Proinfa no bolso do consumidor brasileiro represente uma elevação de 0,3%. A área nobre para exploração desse tipo de geração elétrica é o litoral do Nordeste, onde a intensidade e direção do vento são constantes. O norte da Bahia e de Minas Gerais, o oeste de Pernambuco, o estado de Roraima e o sul do país também são regiões propícias para a geração de energia a partir do vento.

Para alguns especialistas, o Brasil não tem condições de fornecer as mil turbinas eólicas necessárias para atender aos projetos que aguardam aprovação de financiamento no BNDES. Para outros, as montadoras instaladas no país já abastecem sua produção com 90% de equipamentos brasileiros, como é o caso da Wobben Wind Power, que possui uma fábrica em Sorocaba (SP) e outra em Fortaleza (CE). Parte dos componentes utilizados no Brasil pela GWEind, maior fabricante de turbinas eólicas do mundo, é produzida aqui. Além delas, outras duas grandes multinacionais estão chegando ao País e correm para alcançar o índice de 60% de nacionalização exigidos para atender as empresas que participam do Proinfa.

Atualmente, existem mais de 30.000 MW de capacidade instalada no mundo. A maioria dos projetos localiza-se na Alemanha, na Dinamarca, na Espanha e nos Estados Unidos. A expectativa é de que até 2012 as instalações mundiais dessa forma de geração de eletricidade devem praticamente triplicar, até atingir 150 mil megawatts. Atualmente, cata-ventos e parques offshore (no mar) produzem 40 mil megawatts. Hoje a indústria do setor de fontes alternativas de energia cresce em média 20% ao ano e emprega cerca de 400 mil pessoas no mundo.

Biomassa

Uma das principais, senão a principal, vantagem da biomassa é seu aproveitamento direto pela queima da matéria orgânica em fornos e caldeiras. Ela vem sendo usada na geração de eletricidade nos sistemas de co-geração e no abastecimento de comunidades isoladas da rede elétrica.

O potencial autorizado para empreendimentos de geração de energia com a biomassa, segundo a ANEEL, é de 1.376,5 MW, considerando apenas as centrais geradoras que usam o bagaço da cana-de-açúcar, biogás ou gás de aterro.

Dados de 2003, reunidos no Balanço Energético Nacional, mostram que a participação da biomassa na matriz energética do País é de significativos 27%, com emprego majoritário do carvão vegetal e do bagaço de cana-de-açúcar.

Créditos e referências

O texto "As oportunidades da geração alternativa" foi elaborado a partir de informações obtidas com os seguintes profissionais e fontes:
  • Everaldo Feitosa, vice-presidente da World Wind Energy Association e presidente do Centro Brasileiro de Energia Eólica - 081 3224-8158
  • Fábio Sales Dias - secretário-executivo da Associação Brasileira de Pequenos e Médios Produtores de Energia Elétrica
  • Marcio Schmitt - Gerente de Geração em Sistemas de Tecnologia de Potência da ABB
  • World Wind Energy Association
  • BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
  • INEE -Instituto Nacional de Eficiência Energética CanalEnergia.com.br
  • http://www.eolica.com.br/index_por.html
aos quais agradecemos a boa vontade e a cooperação. O texto final, sua forma e conteúdo são, contudo, de inteira responsabilidade do Departamento Editorial de Noticiário de Equipamentos Industriais-NEI.
Fonte: http://www.nei.com.br